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The Handmaid’s Tale chega ao fim entendendo a urgência necessária para a trama

Por Pablo Moura • Publicado em 08/04/20253 min de leitura

The Handmaid’s Tale, série que estreou simultaneamente ao início do mandato de Donald Trump, destacou-se por sua crítica aguda aos retrocessos em direitos humanos e seu paralelo com um governo teocrático e patriarcal. A narrativa, baseada no livro de Margaret Atwood de 1985, tornou-se um ícone de resistência, especialmente diante de políticas anti-femininas e contra a comunidade LGBTQIA+. A série apresenta Gilead, um regime autoritário que emerge nos EUA pós uma segunda Guerra Civil, trazendo à tona temores reais de regressão social e política.

Após quase oito anos e cinco temporadas, a saga de June Osborne em sua luta contra Gilead alcança seus episódios conclusivos. A série, que inicialmente capturou a atenção por sua intensidade e relevância, começou a mostrar sinais de desgaste nas temporadas mais recentes, com repetições de fugas e capturas que pareciam prolongar excessivamente a trama. Apesar de ter sido uma série difícil de assistir devido às suas cenas de tortura e opressão, a chegada de June ao Canadá e sua subsequente vingança indicavam que o fim estava próximo, embora novas reviravoltas continuassem a surgir.

Na sexta e última temporada, percebe-se uma clara intenção dos criadores em concluir a série com a energia necessária, retomando eventos decisivos e promovendo uma esperada revolução. A temporada retoma com June e Nichole fugindo para o Alasca, encontrando Serena e seu filho, também em busca de refúgio. A interação entre June e Serena, marcada por uma complexa dinâmica de poder e sobrevivência, é um dos pontos altos da temporada, que rapidamente reintroduz a tensão ao revelar a identidade de Serena.

Enquanto Luke encontra uma resolução rápida para seu drama, outros personagens principais, como Moira e Mark, se envolvem com o grupo revolucionário Mayday, intensificando a luta contra Gilead. A narrativa também explora New Bethlehem, uma tentativa de reformulação de Gilead que busca uma aceitação internacional sem abandonar suas bases teocráticas. Serena se vê no centro desses novos planos, enquanto June continua confrontada por seu passado e os horrores sofridos.

Alguns personagens, como Tia Lydia, têm sua presença reduzida, enquanto outros, como Janine, ganham relevância nas estratégias contra Gilead, destacando-se em cenários como o Jezebel’s. A série questiona a persistência de sua relevância, oferecendo momentos de reflexão profunda sobre resistência e redenção, simbolizados em monólogos e imagens poderosas, como o obelisco de Washington D.C. transformado em cruz.

A última temporada de The Handmaid’s Tale busca não apenas concluir sua narrativa, mas também preparar o terreno para a continuação com 'The Testaments'. Embora a série possa não ter mantido toda a sua audiência inicial, os episódios finais reacendem a crítica ao autoritarismo e à fusão nociva entre estado e religião, prometendo um desfecho que responde às expectativas dos fãs e reflete sobre os caminhos para a justiça e a reconstrução pessoal e coletiva.

Pablo Moura
Pablo Moura

Redator Chefe do GeekNews, entusiasta de tecnologia, games e pintura de miniaturas. Escreve com olhar analítico sobre cultura pop, buscando sempre conectar tendências e inovações com o universo geek.

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