Alex Garland junta-se ao grupo de cineastas que desafiam a afirmação de François Truffaut de que é impossível criar um filme de guerra verdadeiramente anti-guerra. Sob a direção de Garland e Ray Mendoza, um veterano da guerra do Iraque, 'Tempo de Guerra' tenta refutar essa ideia ao retratar a vida militar como algo entre o tédio e o desespero, uma abordagem que a produtora A24 aparentemente endossa.

A incerteza sobre a intenção do filme é notável, semelhante ao que aconteceu com 'Guerra Civil'. Garland oferece uma narrativa que pode ser interpretada tanto como uma crítica ao complexo militar dos EUA quanto uma ferramenta de recrutamento. Baseado nas experiências de Mendoza e seu pelotão em Ramadi em 2006, o filme lida com eventos reais, mas a sua mensagem final é ambígua.

Ray Mendoza expressou que o filme serve como um lembrete para aqueles que decidem ir à guerra, destacando que sempre haverá quem responda a esse chamado. Esta dualidade de interpretações é refletida nas críticas ao filme, que oscilam entre ver 'Tempo de Guerra' como uma celebração ou um aviso.

O filme se destaca principalmente pelo seu elenco jovem, com atores como D’Pharoh Woon-A-Tai, Cosmo Jarvis e Will Poulter, que trazem uma energia juvenil para seus papéis de soldados. Seu realismo é intensificado pela falta de desenvolvimento textual e um foco em comunicações de rádio e eventos em tempo real, criando uma experiência quase documental.

A abordagem de Garland e Mendoza é arriscada, optando por um realismo que pode sacrificar o apelo cinematográfico do filme. No entanto, quando a ação começa, 'Tempo de Guerra' se transforma, oferecendo uma visão íntima e brutal do combate que evita glorificações típicas dos filmes de guerra.

Em última análise, 'Tempo de Guerra' ganha uma identidade própria através de sua execução experimental e foco na experiência humana, evitando assim as armadilhas comuns dos filmes de guerra e proporcionando uma perspectiva única sobre o conflito.