Shirley Cruz e o Impacto de Sua Atuação

'A Melhor Mãe do Mundo' abre e fecha com a câmera fixada no rosto da protagonista Shirley Cruz. Em uma cena inicial poderosa, sua personagem Gal confronta uma agente social com hesitação, mas determinação, ao relatar a agressão sofrida por seu namorado, interpretado por Seu Jorge. Cruz sustenta uma performance firme e emocional ao longo de todo o filme, refletindo tanto as dificuldades quanto as pequenas alegrias de sua personagem.

Cruz destaca-se como o maior triunfo do filme, incorporando uma personagem que transita entre símbolo e realidade complexa. A diretora Anna Muylaert, conhecida por 'Que Horas Ela Volta?', utiliza essa dualidade para explorar a miséria e a violência urbana em São Paulo através de um viés melodramático. No entanto, o longa se enfraquece em seu núcleo, onde Gal, uma catadora, embarca numa jornada com seus filhos pela cidade, que tenta se posicionar como um road movie, mas carece de substância dramática.

A São Paulo de Muylaert

Com a ajuda da diretora de fotografia Líliis Soares, Muylaert revela uma São Paulo multifacetada: do sol escaldante nas ruas ao isolamento das vias urbanas. É uma escolha estética potente, mas que por vezes deixa o enredo à deriva. O filme ganha força ao retomar o foco nas relações de Gal, especialmente no terceiro ato, onde a tensão entre os personagens é palpável, graças ao trabalho conjunto de Cruz, Seu Jorge e a direção sensível de Muylaert.

No final, 'A Melhor Mãe do Mundo' se justifica nos momentos iniciais e finais, enquanto o entremeio do filme parece tropeçar em clichês que não fazem jus ao talento dos envolvidos. Mesmo assim, há uma força narrativa que emerge na relação entre os personagens, refletindo sobre a possibilidade de transformação social através da solidariedade.

Fontes e Referências

• Gueros (2014) – News – IMDb – imdb.com
• Deaths in 2024 – Simple English Wikipedia, the free encyclopedia – simple.wikipedia.org
• berlinale-programm.pdf – berlinale.de